Mas, do que se trata?
No último dia 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz, numa
sexta-feira, às 15h (como costumava Nhá Chica reunir as pessoas na Capela por
ela construída para rezar e meditar a Hora da Agonia), reuniu o povo na Igreja
da Conceição, em Baependi/MG S. Excia. Revma. Dom frei Diamantino Prata de
Carvalho, ofm, bispo da Diocese da Campanha/MG para anunciar que a Cerimônia de
Beatificação da Venerável Serva de Deus Francisca Paula de Jesus – Nhá Chica,
ocorrerá no dia 11 de maio de 2013, um sábado véspera do dia das mães, por
volta das 15h, em Baependi/MG na presença dos fiéis que acorrerem e de
autoridades civis e eclesiásticas.
Não será novidade se ouvirmos nos meios de comunicação a afirmação
seguinte: “no dia tal, Nhá Chica será santificada pela Igreja”, referindo-se à
beatificação, como já ouvimos nas grandes redes, há pouco, sobre a Irmã Dulce
dos Pobres ou da Bahia. O mesmo se disse do Papa João Paulo II, uma das
beatificações mais concorridas da história da Igreja.
Será que alguém ainda pensa que a beatificação ou canonização torna alguém
santo? Imagina só a Irmã Dulce, o papa João Paulo II e a Nhá Chica, nos
corredores do céu, esperando em fila por uma senha, emitida pelo Papa bento
XVI, para que possam entrar.
O povo de Deus tem uma sabedoria “natural” e a demonstra quando afirma:
“Para nós ela já é santa, só falta o reconhecimento da Igreja”. Ou seja a
santidade já está pronta, foi construída durante a vida. O que falta é
justamente o que o Dicionário Aurélio define como canonizar: “inscrever no
número dos santos honrados com culto público”, ou a Enciclopédia Católica
Popular: “Canonização é o ato, desde o século XII reservado ao Papa, que
inscreve um servo de Deus no cânone dos Santos, com a garantia de estar no Céu,
de ser digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como celeste
intercessor e modelo de santidade”.
A Igreja, pois, após longe e exigente processo autoriza os fiéis a
prestarem culto a tal pessoa que, ao ser reconhecida “santa”, acredita-se já ter
alcançado a glória do céu, a vida na bem-aventurança eterna. Pressupõe-se, para
tanto o reconhecimento de um milagre ocorrido pela intercessão dessa pessoa.
Agora chegamos onde eu queria: a diferença entre beatificação e canonização
consiste, basicamente, na extensão do culto, ou seja em quem, em que região se
poderá cultuar tal pessoa e não, como entendem alguns, no grau de perfeição da
pessoa venerada ou na quantidade de suas virtudes. Note-se que eu disse
“cultuar” e não “adorar” – a Igreja Católica não adora os santos, adora
unicamente a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.
Por isso, dizer que Nhá Chica irá tornar-se santa não está correto. Ela já
tornou-se santa durante a sua vida. O que agora ocorre é que a Igreja, como
sempre cautelosa e prudente, tendo reconhecido e confirmado suas virtudes e sua
santidade, vai, aos poucos, ampliando com a sua autorização o culto
público, oficial, prestado a tal personalidade.
O culto privado ou informal é, aliás, um primeiro requisito para que a
Igreja inicie o processo de canonização. Nesse princípios é chamado de “fama de
santidade”, mas é já uma forma de culto privado, extra-oficial.
Com a beatificação, a Igreja autoriza o culto público e oficial apenas
dentro da Diocese que moveu o processo de canonização, ou seja onde nasceu,
viveu ou morreu a Serva de Deus. Após este passo e havendo a confirmação
divina, por meio de um milagre, que indique que tal autorização está em
consonância com os céus, amplia-se, pela canonização o culto para toda a
Igreja.
Ou seja, por hora, o culto que prestamos à Venerável Serva de Deus Nhá
Chica é simplesmente privado, informal, extra-oficial. A partir de maio de
2013, esse culto será oficial, reconhecido e autorizado pela Igreja, dentro da
Diocese da Campanha ou como prescreva o Decreto de Beatificação emitido pela
Santa Sé (quem sabe também para a Diocese de São João del’Rei, onde ela
nasceu?) e então suplicaremos e esperaremos um outro milagre que confirme o
culto e a Igreja estenda, pela canonização, o culto a Nhá Chica por todo o mundo.
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